O abuso de substâncias é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas no Brasil e na América Latina.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o abuso de substâncias como uma condição que requer atenção e tratamento adequados.
Estudos mostram que esse problema pode levar a complicações físicas, emocionais e sociais.
Convido você a continuar a leitura para entender melhor o que é, as causas e sintomas do abuso de substâncias.
O que é o abuso de substâncias?
O abuso de substâncias envolve o uso excessivo e prejudicial de substâncias psicoativas, como álcool, drogas ilícitas e medicamentos prescritos.
Este comportamento pode afetar negativamente a saúde física e mental, além de impactar relações sociais e econômicas.
Quais os efeitos no abuso de substâncias?
O abuso de substâncias psicoativas pode causar diversos efeitos nocivos ao organismo e à vida do indivíduo.
No aspecto físico, pode levar a danos em órgãos vitais como fígado, coração e cérebro.
Problemas respiratórios, cardiovasculares e neurológicos são comuns.
Psicologicamente, o abuso pode resultar em:
- Alterações de humor;
- Irritabilidade;
- Impulsividade;
- Alterações do sono;
- Alterações de memória, atenção e raciocínio;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Paranoia.
Socialmente, o uso de drogas ilícitas pode afetar relacionamentos, desempenho no trabalho ou escola e levar a problemas legais.
A dependência química é um risco significativo, podendo causar síndrome de abstinência quando o uso é interrompido.
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Fatores que contribuem para o abuso de substâncias
Múltiplos fatores podem contribuir para o abuso de substâncias psicoativas.
Predisposição genética desempenha um papel importante, assim como o ambiente familiar e social.
Experiências traumáticas, estresse crônico e problemas de saúde mental não tratados aumentam a vulnerabilidade ao abuso. Outros fatores incluem:
- Pressão dos pares;
- Curiosidade e experimentação;
- Busca por alívio de dor física ou emocional;
- Fácil acesso às substâncias.
A idade de início do uso é um fator importante, sendo que o uso precoce está associado a maior risco de desenvolver dependência.
Fatores culturais e socioeconômicos também podem influenciar padrões de abuso de substâncias.
Como o abuso de substâncias afeta a saúde mental?
O abuso de substâncias tem impactos significativos na saúde mental, alterando o funcionamento cerebral e desencadeando diversos transtornos psicológicos.
Efeitos psicológicos e emocionais do abuso de substâncias
O uso contínuo de drogas pode levar a alterações emocionais e psicológicas significativas.
Mudanças de humor repentinas, irritabilidade e instabilidade emocional são comuns.
A depressão é frequentemente associada ao abuso de substâncias, podendo surgir como consequência do uso ou ser agravada por ele.
Sintomas incluem tristeza persistente, perda de interesse e alterações no sono.
Ansiedade e ataques de pânico também são recorrentes.
O ecstasy, por exemplo, pode causar transtornos de pânico e flashbacks (reviver uma experiência traumática), além de comprometer a memória a longo prazo.
Em casos graves, o abuso de drogas pode desencadear quadros de psicose, caracterizados por alucinações e delírios.
A relação complexa entre abuso de substâncias e saúde mental
O abuso de substâncias e os transtornos mentais frequentemente coexistem, formando uma dinâmica multifacetada.
Muitas vezes, indivíduos com condições de saúde mental pré-existentes recorrem às drogas como forma de automedicação.
O uso contínuo de drogas pode agravar sintomas de transtornos mentais ou precipitar o surgimento de novos quadros.
Transtornos por uso de substâncias frequentemente se manifestam com sintomas semelhantes a outras condições psiquiátricas.
A abstinência também pode desencadear sintomas psicológicos intensos, como ansiedade severa e depressão, dificultando o processo de recuperação.
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Principais tipos de drogas de abuso
As drogas de abuso abrangem uma ampla variedade de substâncias que afetam o sistema nervoso central. As principais categorias são:
- Estimulantes: como a cocaína, aumentam a atividade cerebral;
- Depressores: incluindo o álcool, diminuem a atividade do cérebro;
- Alucinógenos: alteram a percepção da realidade e
- Opioides: afetam os receptores de dor no cérebro.
Cada tipo de substância possui efeitos e riscos específicos, podendo levar à dependência e causar sérios danos à saúde física e mental.
As substâncias mais comumente abusadas incluem álcool, maconha e nicotina, cada uma com efeitos distintos na saúde mental e no comportamento.
O impacto do álcool na saúde mental
O álcool é uma droga depressora do sistema nervoso central. Seu consumo excessivo pode levar a problemas graves de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade.
O uso crônico está associado a déficits cognitivos e alterações na estrutura cerebral.
O álcool também interfere no equilíbrio químico do cérebro, afetando neurotransmissores como serotonina e dopamina. Isso pode resultar em mudanças de humor e comportamento impulsivo.
Em casos severos, o abuso de álcool pode causar blecautes, psicose alcoólica e síndrome de Wernicke-Korsakoff, uma condição neurológica grave.
O uso de maconha e suas consequências psicológicas
A maconha, ou cannabis, contém THC, um composto psicoativo que afeta o funcionamento cerebral. O uso frequente pode levar a problemas de memória, dificuldades de concentração e alterações na percepção.
Em algumas pessoas, o uso de maconha está associado ao aumento do risco de desenvolver transtornos psicóticos, especialmente em indivíduos com predisposição genética.
O uso prolongado pode resultar em síndrome amotivacional, caracterizada por apatia e falta de motivação.
Além disso, a maconha pode exacerbar sintomas de ansiedade e depressão em usuários suscetíveis.
Efeitos do vape e da nicotina no comportamento e humor
A nicotina, presente em cigarros e dispositivos de vape (ou cigarro eletrônico), é um estimulante que afeta rapidamente o cérebro.
Ela aumenta a liberação de dopamina, criando sensações de prazer e reforçando o comportamento de uso.
O uso de nicotina pode levar a mudanças de humor, incluindo irritabilidade e ansiedade, especialmente durante a abstinência.
Estudos mostram que o vaping (o uso do cigarro eletrônico) pode aumentar o risco de depressão em jovens.
A dependência de nicotina altera os padrões de sono e pode afetar negativamente a saúde mental a longo prazo.
O uso de vape, embora percebido como menos nocivo, ainda apresenta riscos significativos para a saúde mental e física. Tem sido relacionado ao aumento absoluto do consumo de nicotina, pela facilidade e maior palatabilidade, muitos usuários não conseguem mensurar a quantidade.
Como enfrentar e tratar o abuso de substâncias para proteger a saúde mental
O tratamento eficaz do abuso de substâncias requer uma abordagem abrangente, combinando intervenções médicas e psicossociais.
A prevenção e a educação desempenham papéis fundamentais na redução dos riscos associados ao uso de drogas.
Tratamento para o abuso de substâncias
O tratamento do abuso de substâncias envolve diversas intervenções baseadas em evidências científicas.
A consulta médica psiquiátrica é primordial no tratamento ao abuso de substâncias, envolvendo avaliação da dependência, prescrição de medicamentos para abstinência e desejo, e acompanhamento regular para ajustes e apoio contínuo, facilitando a recuperação do paciente.
A Terapia Comportamental Dialética (DBT) ensina a reconhecer e nomear sentimentos e desenvolver estratégias saudáveis para lidar com emoções intensas. No tratamento do abuso de drogas ensina a identificar gatilhos e comportamentos de busca, promovendo habilidades que reduzem o risco de recaídas.
Grupos de apoio mútuo, como Alcoólicos Anônimos, oferecem suporte contínuo e um senso de comunidade.
Intervenções breves nos cuidados primários de saúde podem ser eficazes para usuários com problemas menos graves.
Programas de reabilitação residencial oferecem um ambiente estruturado para recuperação intensiva.
Intervenções familiares ajuda a resolver problemas de relacionamento que podem contribuir para o abuso de substâncias.
Estratégias de prevenção e educação para evitar o abuso de substâncias
A prevenção do abuso de substâncias começa com a educação. Programas escolares que ensinam habilidades de recusa e promovem a autoestima podem reduzir o risco de uso de drogas entre jovens.
Campanhas de conscientização pública informam sobre os perigos do abuso de substâncias. A regulamentação de substâncias legais, como álcool e tabaco, ajuda a reduzir o acesso e o uso por menores.
Identificar fatores de risco, como histórico familiar ou problemas de saúde mental, permite intervenções precoces. Programas de treinamento para profissionais de saúde melhoram a detecção e o encaminhamento de casos de abuso.
Políticas de local de trabalho que promovem um ambiente livre de drogas são eficazes. Elas também oferecem programas de assistência aos funcionários.
O acesso facilitado a serviços de saúde mental pode prevenir o uso de substâncias como automedicação.